“animais políticos” X “bichos do mato”

O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam.
A citação acima, do historiador britânico, inicialmente é daquele tipo de frase que pode ser interpretada ao bel-prazer dos diferentes “grupos de interesse”.
A interpretação apresentada aqui toma o termo “política” não no sentido corriqueiro, banalizado até, tal como vemos – e lemos – nos noticiários, mas atribuindo-lhe um conceito mais abrangente, neste entendendo-se política como uma espécie de arte da convivência, seja em grupos ou na sociedade como um todo.

Desta forma, depreende-se que “o maior castigo para aqueles que não se interessam por política” – isto é, vivendo à margem das coisas e dos fatos, andar na contra-mão dos mesmos, adotando comportamentos chocantes como toda uma, digamos, opção de vida – pagarão o preço, obviamente alto (como demonstrado pelos processos históricos e culturais, através dos tempos), cedo ou tarde sendo suplantados por “aqueles que se interessam”: os “animais políticos”, tão caros a Aristóteles, existentes em VÁRIOS setores (mais do que se pensa) da vida em sociedade, seja em Política, Artes, Cultura ou Economia.

Por outro lado, esta discorrência fez-me lembrar do artigo Egrégora, reproduzido aqui neste blog, no sentido de atribuir ao termo um significado “político” – sendo o o termo “política” tomado no sentido realista, da vida como ela é, da convivência quotidiana entre seres humanos (com seus prós e contras), e não como alguns a idealizam. Por esta razão atribuo, por tabela, um sentido político e ao mesmo tempo IRÔNICO a “Egrégoras” em geral.

Seria, basicamente, um conflito entre “animais políticos” e “bichos do mato” *, onde o “animal político” seria aquele com habilidade para discernir os prós e contras da situação, do momento presente e também a longo prazo… E o “bicho do mato”, o que não vê nem pesa tais fatores (por inabilidade ou por vontade própria).

* aqui contrapondo-se, com fins não menos irônicos, a expressão aristotélica e a popular.

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